O SOBREIRO


O Sobreiro é uma das riquezas naturais da Península Ibérica e, particularmente, de Portugal, especialmente no Alentejo e Algarve.
O sobreiro é uma árvore espantosa, de grande longevidade, pode viver, em média, 150 a 200 anos, e tem uma enorme capacidade de regeneração, a sua espessura de casca permite que, a cada década, seja extraída a cortiça, sem danificar a árvore.
Toda a minha vida se encontra indissociavelmente ligada ao sobreiro. Alentejana que sou, passei, na minha infância e juventude, muitas das minhas férias no Monte e, pelas tardes de Primavera ou Verão, lá íamos nós, eu e as minhas primas, de livros, manta e telefonia (rádio) às costas, à procura da sombra generosa de um sobreiro, ou das suas pernadas que nos serviam de assento e encosto.


Tirando Cortiça


No Verão chegavam os Ranchos de tiradores da cortiça e, com a sua arte firme, mas delicada, descascavam troncos e pernadas dos sobreiros, das suas grossas e leves cascas que, pacientemente, estes, ao longo de dez anos, tinham deixado engrossar.

Hoje, continuo a viver, na maioria dos fins-de-semana, no meio destas árvores robustas, belas e generosas, que tanto têm contribuído para o sustento de muitos portugueses e para o equilíbrio da economia do país.
"Montado de sobro-  Monchique" - Carlos Almeida
"As florestas de sobreiros são um ecossistema muito particular, de delicado equilíbrio. É costume associar o sobreiro à paisagem alentejana, onde de facto, subsiste em grandes concentrações. Devido ao escasso povoamento desta região, a sua sobrevivência foi mais fácil, embora também tenha sofrido 'baixas' nas guerras peninsulares que marcaram a expansão territorial portuguesa durante sete séculos. Só a partir do século XVIII, com o início da exploração da cortiça, é que se começou a olhar o sobreiro com o respeito sentido e devido a uma das árvores mais características de Portugal. Foi durante esta época que foram introduzidas técnicas de desbaste selectivo e de baixa densidade da zona arborizada para aproveitamento dos solos para a prática agrícola. Graças a estas iniciativas, no final do século XIX, os sobreirais portugueses eram considerados os mais bem tratados do mundo.

Árvores frondosas e imponentes, os sobreiros podem por vezes chegar aos vinte e cinco metros e viver até aos trezentos anos, nunca deixando de servir quem os rodeia: as populações que periodicamente as despem dessa sua casca tão especial, caso único entre as cascas de outras árvores, e que as protege tanto das mais gélidas invernias, como dos frequentes incêndios que marcam os Verões secos e escaldantes que caracterizam as regiões mediterrânicas. É este tecido vegetal que continua a surpreender a comunidade científica pela polivalência das suas qualidades, que resguarda do fogo as partes vitais da árvore, permitindo a sua renovação, num ciclo de vida que atravessa gerações e que assegura a sustentabilidade ambiental, já que todos os descortiçamentos (ou tiradas) são exercidos de forma manual e cuidadosa, para não causar qualquer dano ao sobreiro ou ao meio envolvente. A capacidade de regeneração desta árvore é tal, que mesmo sem serem utilizados herbicidas químicos, fertilizantes ou irrigação, durante os nove anos que separam cada tirada, a casca volta a nascer e a cortiça fica pronta para ser de novo recolhida.
Nestas florestas de rara beleza, Homens e animais convivem serenamente, como sempre conviveram desde que, em tempos longínquos, o Homem se apercebeu do muito que o sobreiro tinha para oferecer para além da sua cortiça. Ainda hoje, caça nos seus bosques, apanha o mel dos seus cortiços, os cogumelos que crescem em abundância na base dos troncos, usa a sua lenha para combustível e os seus frutos, as bolotas, como alimento para os seus rebanhos. É também o crescente plantio do montado de sobro que impede a desertificação do sul de Portugal, uma região seca, árida e de terrenos arenosos, pois ajuda a reduzir a erosão dos solos e assegura a subsistência das suas populações.
“Quem se preocupa com os seus netos, planta um sobreiro”. É este velho mas sábio ditado popular que os pais insistem em transmitir aos seus filhos. As gentes da terra sabem que o seu futuro e o dos seus descendentes passa não só pela exploração da cortiça e o fabrico de rolhas, como pela manutenção da riquíssima biodiversidade ambiental do montado e até do equilíbrio do próprio clima. Além da capacidade de produção de oxigénio, uma característica comum a todas as árvores, o sobreiro possui uma estrutura celular única e muito particular, que o torna capaz de reter o dióxido de carbono, o principal responsável pelo aquecimento global do planeta."
 Fonte APCOR

Pela importância socioeconómica e ambiental do sobreiro, pelo amor ao sobreiro e ao montado de sobro, muitas são as pessoas que lutam, das mais diversas formas, pela sua defesa, manutenção, desenvolvimento e investigação.



Convido-vos a visitarem no nosso site MOVIMENTO PELA DEFESA DO MONTADO DE SOBRO e o nosso Grupo do Facebook, com o mesmo nome, para que possam conhecer, um pouco melhor, o que é este montado, em Portugal, e o que se faz pela defesa do mesmo, do seu ecossistema e em prole do desenvolvimento socioeconómico das pessoas e regiões que dele, em grande parte, dependem.

Convido-os, igualmente, a visitar os sites ROTA DA CORTIÇA e ECOLOGICALCOR pela interessante e diversificada informação que contêm.



Utilização da Cortiça

A cortiça é um material de origem vegetal, 100% natural, reciclável e biodegradável, tem múltiplas utilidades. Através da sua transformação é possível obter diversos tipos de materiais e produtos muito úteis, ecológicos, leves, resistentes, pouco inflamáveis, impermeáveis, macios e bonitos e é também excelente como isolante térmico e acústico.


A cortiça é utilizada para o fabrico das rolhas das garrafas de vinho (não há vinho que se preze, que aceite outra rolha que não uma rolha de cortiça), em diversos tipos de pavimento, como revestimento de paredes, e numa grande variedade de outras utilizações e produtos.
Este tecido vegetal, utilizado para os mais diversos fins, há já milhares de anos, possui qualidades únicas, sendo muito leve, impermeável e notavelmente resistente ao atrito, pode ser limpo com um pano húmido e sabão neutro.
 Artigos


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Construção Civil
 
Porque é um excelente isolante térmico, acústico e vibrático, em inúmeras obras – pistas de aterragem, auto-estradas e pontes – a cortiça pode ser aplicada como preenchimento de juntas de dilatação entre elementos de betão, tijolos ou placas. Capaz de acompanhar as dilatações térmicas, a cortiça une as estruturas, protegendo-as das fissuras, comprimindo-se, mas voltando à sua forma original mesmo depois de pressões extremamente fortes ou de curta duração. Nas barragens, reservatórios de água e em piscinas, a cortiça assegura juntas completamente herméticas, essenciais à funcionalidade e à segurança.

Utilização da Cortiça na Construção Civil © Amorim Isolamentos 
Aglomerado APCOR
Em coberturas, em paredes, no exterior ou no interior, em sub-pavimentos, as placas de aglomerado expandido puro são um autêntico muro, leve mas resistente às diferenças de temperatura e até ao fogo, ao ruído e às vibrações. Nas câmaras frigoríficas, em máquinas de grande porte, no isolamento de condutas e em tubos de vapor e nas instalações de ventilação, estas placas são um factor de economia de energia muito relevante.
O aglomerado expandido puro pode ainda ser novamente transformado em grão, dando o chamado regranulado de cortiça expandida, utilizado na elaboração de betões leves (misturado com areia e cimento), bem como no preenchimento de espaços vazios em pavimentos e paredes.
Alguns arquitectos têm utilizado a cortiça nos seus projectos, quer em interiores, quer em exteriores de edifícios.
Veja algumas ideias:

Casa da Aruda dos Vinhos
Casa Cork Cork Block Shelter
 
Pavilhão de Portugal Expo 2000
        


Fonte:APCOR


Revestimentos
Pavimentos em cortiça
Pavimentos em cortiça


Pavimentos em cortiça


Revestimento de parede em cortiça -  Isolamento termo-acústico

Revestimento de parede
Revestimento de parede - Papel de cortiça
Revestimento de parede

Revestimento de parede cortiça queimada



OBSERVATÓRIO DO SOBREIRO E DA CORTIÇA - CORUCHE
"O sobreiro, sobro, sobreira ou chaparro (Quercus suber) é uma árvore da família do carvalho, cultivada no sul da Europa e a partir da qual se extrai a cortiça. O sobreiro é, juntamente com o Pinheiro-bravo, a espécie de árvores mais predominante em Portugal, sendo mais comum no Alentejo litoral e serras Algarvias.
Pilha de cortiça
O sobreiro também fazia parte da vegetação natural da Península Ibérica, sendo espontâneo em muitos locais de Portugal e Espanha, onde constituía, antes da ação do Homem, frondosas florestas em associação com outras espécies, nomeadamente do género Quercus.
As folhas do sobreiro medem 2,5 a 10 cm por 1,2 a 6,5 cm, e são de cor verde escura e sem pelos. Têm forma denticular, uma nervura principal algo sinuosa e 5 a 8 pares de nervuras secundárias.
O fruto, como em outros carvalhos (Quercus spp.) é a bolota, também conhecida por lande ou ainda (mais corretamente) glande.






Área de ocorrência do Sobreiro (Mediterrâneo ocidental).
Distribui-se essencialmente pela Península Ibérica e por alguns locais mais húmidos do norte de África. Em Portugal predomina a sul do rio Tejo, surgindo naturalmente associado: ao pinheiro-bravo nos terrenos arenosos da Península de Setúbal, Vale do Sado e no barlavento algarvio; Surge ainda em alguns pontos de clima atlântico com pluviosidades extremamente elevadas, como na Serra do Gerês, onde predomina nas encostas mais soalheiras.
Nas regiões a sul do Tejo o sobreiro comporta-se como uma espécie de folhagem persistente e possui folhas mais pequenas, rijas e escuras; quando surge nas regiões do norte do país, onde é menos frequente, tem um comportamento ligeiramente marcescente, e folhas maiores, mais finas e claras.
De uma forma geral, em Portugal o sobreiro predomina no Alentejo litoral, Península de Setúbal, Baixa Estremadura, serras algarvias (com exceção das regiões próximas do Guadiana) e parte do Ribatejo, tendo núcleos dispersos no resto do país."


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sobreiro

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