BULLYING - COISAS ANTIGAS COM NOMES NOVOS


Hoje em dia, fala-se muito de Bullying e toda a gente parece estar muito preocupada com isso, particularmente com o Bullying nas Escolas ou o Ciber Bullyng.
Mas, afinal, o que é isso do "Bullying"?
Segundo a Wikipédia, "Bullying é um anglicismo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia e sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. O bullying é um problema mundial, sendo que a agressão física ou moral repetitiva deixa marcas para o resto da vida na pessoa atingida.
O agressor inferioriza e se impõe sobre o outro, na tentativa de superá-lo em termos físicos e psicológicos, e de satisfazer seu ego. Quase sempre, não tem o apoio de uma boa educação, com conselhos e amparos apropriados, e é isso o que mais o encoraja a fazer o que faz. Já a vítima é alguém com medo das possíveis consequências de sua reação, e é por isso que não reage, se reprimindo a si mesma.

Conforme enfatiza Brandão (1986): "através do outro, vejo quem sou", e "crio o outro para me tornar superior sobre ele". Desse modo, vemos que, na construção verbal de um adjacente outro, se faz uso fundamental do reconhecimento e favorecimento de si próprio, tornando o outro inferior. Em 20 por cento dos casos, o praticante de bullying também é vítima. Nas escolas, a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão sofrida."

Embora concorde que, atualmente, o bullying nas escolas possa ter contornos mais violentos, fisicamente, do que há 40 ou 50 anos atrás, devido, principalmente, quer ao cada vez maior acesso à educação, quer em virtude da enorme miscigenação, aliada a diversas desigualdades, existente na larga maioria dos países Ocidentais, as quais podem originar a proliferação de gangs  ou grupos marginais, com características similares às dos gangs,  creio que, na sua génese, o bullying é tão antigo quanto a própria humanidade.
A necessidade intrínseca de se sentir amado, integrado, interessante, importante ou admirado conduz, muitas vezes, a comportamentos e atitudes desviantes, por parte de muitos seres humanos.
Afinal, o bullying não passa, de certa forma, de uma necessidade de autoafirmação, em que o "agressor" exerce sobre a vítima um certo tipo de violência, a qual pode ser física, psicológica, moral, material ou sexual, dependo do tipo de "poder" detido pelo agressor sobre a vítima.
Não é por acaso que os acidentes, tragédias ou, simplesmente, os comportamentos menos dentro das "normas sociais" dos vizinhos, ou conhecidos são temas de conversa mais "interessantes", para uma larga maioria de pessoas, do que os sucessos ou alegrias dos outros.
Ao longo dos tempos, grande parte dos patrões e chefes têm exercido a sua autoridade de forma prepotente. Quantas vezes abusando do seu poder, fazendo exigências despropositadas, diminuindo ou humilhando, ou, mesmo, assediando psicológica ou sexualmente os/as seus funcionários/as.
E, entre as crianças e os jovens o que se passa é idêntico, não só porque também eles são, apenas, seres humanos, mas, também, porque, muitas vezes, são esses os exemplos que os adultos lhes dão.
Não estou aqui a fazer a apologia do bullying, nem, muito menos, a desculpabilizá-lo, ou a considerá-lo como uma inevitabilidade contra a qual nada podemos fazer.
Estou, antes, a chamar "os bois pelos nomes", tentando desmistificar algo de que se fala hoje em dia como se fosse uma coisa nova nas sociedades.
Nos meus tempos de escola existia bullying, somente não se lhe dava esse nome e nunca, ou muito raramente, este tinha contornos de violência física. Eu própria, numa ou outra ocasião, me senti vítima dele. Sempre houve grupinhos de raparigas, ou rapazes, dirigidos por uns pretensos líderes, que se divertiam excluindo, humilhando ou gozando aqueles ou aquelas que não lhe caiam nas boas graças  
Para descrever o bullying, escolar ou não escolar, sempre existiram outras palavras, tais como marginalizar, excluir, maledizer, caluniar, excluir, troçar - gozar - humilhar, abusar do poder, assediar, maltratar, insultar, violentar, roubar, denegrir, etc.
Agora que estamos quase a entrar num novo ano, é tempo de reflexão, balanço, autoanálise. 
Então, em vez de nos lamentarmos ou tentarmos salvar o mundo do bullying, através de uma tão hipotética quanto utópica lei, ou intrincadas análises psicológicas, conducentes a herméticas e impraticáveis pseudosoluções, talvez seja uma boa altura de refletirmos sobre este assunto e fazer uma análise séria dos nossos próprios comportamentos.

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