AGRICULTURA DAS CIDADES
Por sugestão de um membro de um grupo do Linkedin, de que faço parte, partilho convosco um forma de fazer agricultura e piscicultura, na cidade, da qual não tenho grande conhecimento, mas que, pelo que li acerca do assunto, penso que poderá constituir uma alternativa original e com interesse para muitos.
Aquaponia e as suas incríveis vantagens na alimentação mundial
O SISTEMA AQUAPONICO OU AQUAPONIA
A Aquaponia,
ou Sistema Aquapónico, é um sistema hidroponico onde se integra a criação de peixes
em cativeiro, com a hidroponia.
Utilizando
este sistema, obtemos não só os vegetais, como também os peixes, sempre frescos
e sãos.
Seu
funcionamento é muito simples, pois que, os nutrientes necessários à
alimentação das plantas, são fornecidos pelos peixes, e ao mesmo tempo, as
plantas purificam a água poluída por eles, e onde os mesmos dejetam.
Este
ambiente mutuamente benéfico, reproduz as condições que a Natureza proporciona,
porém, elas ficam sob o nosso controle total.
O sistema
aquapónico é o ideal para manter-se em nossas próprias residências, até mesmo
num apartamento, e ao mesmo tempo, permite a instalação de grandes complexos
comerciais, onde são possíveis duas fontes de renda simultâneas: - as plantas e
os peixes.
Existem dois
sistemas aquaponicos distintos.
No primeiro,
as fezes dos peixes são mantidas na água, que circula por um Biofiltro, que na verdade é um tipo de Biodigestor, onde se
processam duas biodecomposições.
A primeira
biodecomposição dá-se no nível superior do biofiltro, em ambiente aeróbio, onde
bactérias aeróbias transformam o nitrogénio expelido pelos peixes através das
guelras, na forma de amónia, em nitratos.
A segunda,
dá-se na parte mais profunda do biofiltro, em ambiente anaeróbio, onde as fezes
dos peixes são transformadas em vários sais minerais.
Os sais
minerais resultantes das duas biodecomposições, dissolvem-se e ionizam-se na água,
e são absorvidos pelas plantas, restando então uma água livre de sais e
impurezas, que é retornada aos tanques de criação de peixes.
No segundo
sistema, as fezes dos peixes são retiradas da água por filtragem mecânica, e a
água carregada de amónia, dejetada através das guelras dos peixes, passa por um
biofiltro.
As fezes dos
peixes, retiradas dos filtros mecânicos, são utilizadas de duas maneiras
diferentes.
A mais
simples, é sua compostagem por decomposição aeróbia, e posterior utilização do
composto orgânico obtido, na fertilização de solos na agricultura convencional.
A outra
forma de utilização destas fezes, é o seu processamento em Biodigestores
Anaeróbios, e posterior utilização do Biofertilizante obtido, tanto no processo
hidroponico, por reciclagem, como para fertilização de solos ou como no
processo anterior.
Note-se, que
não existem perdas no sistema, a não ser a água consumida pelas plantas e pelos
peixes, além daquela evaporada à superfície dos tanques de criação e das
bancadas de cultivo, bem como a perdida durante a transpiração das plantas.
HIDROPONIA ORGÂNICA
Apesar de
aparentemente simples, o sistema é bem mais complexo, pois estamos lidando com
duas biomassas totalmente antagónicas.
A biomassa
constituída pelos peixes, essencialmente aquática, e a biomassa constituída
pelas plantas, totalmente terrestre.
Equilibrar
estas duas biomassas, é uma tarefa difícil, e exige conhecimentos e pesquisas.
Desta feita,
é sempre aconselhável o apoio de uma boa assessoria técnica, para montar um
sistema aquapónico comercial.
Além disso,
é recomendável ler e estudar livros que possam proporcionar conhecimentos
básicos sobre hidroponia, pois esta técnica é baseada em conhecimentos
científicos, extraídos e desenvolvidos a partir de práticas agrícolas
milenares.
A integração
da hidroponia orgânica pura com a Aquacultura ou Aquicultura, como é conhecida
a criação de peixes em cativeiro, constitui um mini-sistema ecológico fechado,
altamente amigável ao meio ambiente, onde temos a recuperação e reciclagem de
todos os elementos que participam do processo.
Sabemos,
comprovadamente, que a hidroponia, pelo menos aquela praticada a nível
comercial, não funciona como um processo totalmente inorgânico.
Mesmo assim,
essa técnica é hoje um facto, e através de sua prática, podemos conseguir
maiores velocidades no desenvolvimento das plantas, usufruindo melhores
colheitas, com qualidade superior à de produtos agrícolas provenientes da
prática de qualquer outro processo agrícola convencional.
E esta
afirmação, não é aquela que muitos de nós gostaríamos de ouvir por lisonja, mas
um simples facto e uma verdade científica.
E todo e
qualquer cientista ou educador ligado às técnicas agrícolas, químicas e ou
biológicas, se ainda não o fizeram, cedo ou tarde, de qualquer forma, terão que
aceitar estes factos.
Para o
preparo da solução de nutrientes, na hidroponia, usamos sais da mais elevada
pureza, de alta solubilidade, produzidos ou purificados industrialmente.
Utilizamos
também água do mais alto nível de pureza, seja química, seja biológica.
Mas, muitos
agricultores que desejam ingressar na prática hidroponica, poderão não ter
acesso fácil a esses produtos.
E aqueles
que já se dedicam à prática da hidroponia, como enfrentariam a falta repentina
ou gradual no fornecimento dos materiais que lhes são necessários?
Esta
situação não é impossível, se considerarmos, por exemplo, catástrofes naturais
ou mesmo situações bélicas, quando indústrias químicas especializadas poderão
sofrer interrupções nas suas linhas de produção.
Podemos
afirmar que sim.
E fazemos
isso, baseados no que hoje se conhece acerca do relacionamento de certas
bactérias com as plantas, nos sistemas hidroponicos.
Este
relacionamento tem sido estudado com profundidade, e a matéria de tal estudo,
tem sido chamada de Bioponia.
Esta matéria
envolve uma série de conhecimentos práticos, além de experimentos de vários hidroponistas
dedicados, que não só anteviram as dificuldades que apontámos, como também consideraram
a defesa de eco-sistemas, procurando não só manter seu equilíbrio natural, como
deles tirarem proveito para a humanidade.
A Bioponia,
envolve também o estudo de sistemas para se produzirem alimentos mais
nutritivos, sempre usando processos e produtos naturais.
Assim sendo,
destas pesquisas, surgiram duas novas técnicas ou sistemas hidropónicos, denominados
como Aquaponia e Geo-Hidroponia ou Geoponia.
Os estudos
feitos dentro da Bioponia, consequência dos quais temos hoje a Aquaponia e a
Geo-Hidroponia, deram o grande passo para a prática da Hidroponia Orgânica.
Mas afinal,
o que é a Hidroponia Orgânica?
Os sistemas
hidroponicos orgânicos, mecanicamente, não apresentam nenhumas diferenças dos convencionais
inorgânicos, pois baseiam-se nos seis sistemas básicos conhecidos.
A diferença
está na solução de nutrientes.
Esta, em vez
de preparada a partir de sais minerais industrializados, é preparada a partir
de dejectos animais e resíduos vegetais e animais, bio-digeridos em
dispositivos conhecidos como Biofiltros e Biodigestores.
Os
Biofiltros, beneficiam, através de um processo biológico, águas poluídas com
excrementos de peixes, transformando-as numa solução de nutrientes.
Dos
biodigestores, obtém-se o Biofertilizante, e a partir dêste, se prepara a
solução de nutrientes.
A Hidroponia
Orgânica, diferencia-se radicalmente da Agricultura Orgânica.
Primeiro,
porque é um sistema hidroponico, e como tal, não utiliza o solo, e segundo,
porque produz plantas altamente sãs, e com elevado nível de assepsia.
Uma das
características mais importantes da hidroponia orgânica, é a possibilidade que
ela nos dá, de montar sistemas ecológicos fechados, onde tudo o que se utiliza
é reciclado, não agredindo de modo algum o meio ambiente.
O SISTEMA GEO-HIDROPONICO OU
GEOPONIA
O Sistema
Geo-Hidroponico, ou Geo-Hidroponia, apesar de continuar em estudos, já
demonstrou sua eficiência economia.
Como na
aquaponia, utiliza os excrementos de animais, porém terrestres, criados em
cativeiro ou em confinamento.
São
utilizados desde excrementos de gado bovino e até de aves como as galinhas
poedeiras.
O
importante, é que tais excrementos sejam de animais criados em confinamento
total, para não termos contaminações indesejáveis.
Eis porque,
os excrementos de galinhas poedeiras têm sido os mais pesquisados, não só pela facilidade
na sua coleta, mas também pelos benefícios paralelos que se podem obter com seu
aproveitamento.
Por exemplo,
não podemos desprezar o grave problema que os excrementos representam nas granjas
de galinhas poedeiras.
E a
Geo-hidroponia, apresenta uma solução ideal para tal problema.
Quaisquer
que sejam os excrementos utilizados, estes devem ser processados num
Biodigestor Anaeróbio, para que se consiga uma total biodigestão dos mesmos.
Após este
processamento o produto final obtido é o Biofertilizante, uma solução altamente
concentrada de sais minerais, organo-minerais e orgânicos, de alto valor
nutritivo para as plantas.
Os
biofertilizante são então controlados, doseados, e diluídos em água, obtendo-se
assim, uma solução nutritiva, que será utilizada em qualquer sistema hidropónico.
Aparentemente
simples, o processo envolve uma série de controlos, que deverão ser levados a
cabo com meticulosidade.
O ponto
principal, é a construção e manejo correto de um Biodigestor, equipamento que
serve também para criar biocombustivel, mais uma vantagem económica para regiões
dispersas.
Conclui-se
que aquaponia é um sistema muito amigável ao meio ambiente, não o agride, e
mantém-no limpo.
Todas as
etapas deste sistema, são absolutamente naturais, e estão sob controlo total do
ser humano e protegido de catástrofes naturais.
Esta solução
de nutrientes depende do nosso controlo para o equilíbrio de duas biomassas antagónicas
o que simplifica nossas tarefas, mas deverão ser levados à risca.
Veja mais
aqui:
http://acedianet.wordpress.com/sabe-o-que-e-aquaponia-e-as-suas-incriveis-vantagens-na-alimentacao-mundial/
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