Fecho de CNO - Centros de Novas Oportunidades
Desde 2011, temos vindo a assistir ao encerramento e/ou à falta de verbas para o funcionamento de vários CNO.
Estes permitiram que, desde 2000, um grande número de adultos, pouco escolarizados e com baixas qualificações, tivesse de novo acesso à Escola, obtendo certificações de competências e equivalências à escolaridade normal, quer de nível básico, quer de nível secundário.
Muitas foram as vozes que se levantaram contra este tipo de Certificação de Adultos, particularmente contra o RVCC. Provavelmente algumas das críticas teriam razão de existir, particularmente quando se optou pela aposta nos números, em vez de na educação, na sua qualidade, justeza e fiabilidade.
Contudo, penso que, maioritariamente, ainda que tenham existido situações menos claras ou duvidosas, as Ofertas de Educação e Formação de Adultos, dos últimos anos, contribuíram para que muitos adultos não só se certificassem, como voltassem a acreditar que a Educação é algo em que se deve apostar.
O encerramento dos CNO, aparentemente, tem ficado a dever-se, por um lado, à falta de verbas e, por outro, à progressiva desacreditação da efetiva qualidade daquelas vias de Certificação.
É com tristeza que assisto ao desmantelar de um sistema que, não sendo perfeito, deu um forte contributo para a evolução da Educação em Portugal.
Este sistema poderá ser objeto de reestruturação e melhoramentos, mas considero que a sua "anunciada" extinção será uma enorme perda para o país e para todos nós.
A título de exemplo, transcrevo um excerto da última publicação do Blog "Processo RVCC/Centros de Novas Oportunidades"
QUEREMOS TRABALHAR
(clique no título para ler o artigo completo)
(Este texto faz parte do Relatório de Atividades 2012 do CNO D. Inês de Castro, no capítulo Reflexão Final.)
O Centro Novas Oportunidades D. Inês de Castro de Alcobaça fechou as
portas no dia 31 de janeiro de 2013. Este será, portanto, o último
relatório de atividades apresentado. Fica uma estranha sensação de
esvaziamento que resulta do que aconteceu, de facto, ao longo do ano de
2012.
Primeiro, iríamos organizar-nos para 8 meses de trabalho. Depois,
soubemos que poderíamos continuar até dezembro, se houvesse verba
disponível no financiamento aprovado de janeiro a agosto, mas sem
formadores. E, ainda assim, estas “informações” chegaram ao jeito de trends, que procurámos confirmar junto de parceiros de função, pois havia, sobretudo, um grande vazio de informação.
Mantivemos o barco a navegar até chegar à costa, atordoados com o silêncio ensurdecedor que nos rodeava
Partilho, também, convosco um outro artigo, da Associação " o Direito de Aprender"
Desinteresse, desapego e desvalorização da Educação de Adultos em Portugal" |
18-Mar-2013 | |
Recentemente
foi divulgada uma proposta de Portaria que extingue os Centros Novas
Oportunidades e promete a criação dos Centros para a Qualificação e o
Ensino Profissional. Neste artigo de Opinião, Paula Guimarães considera
que “é um documento que acentua algumas ideias (questionáveis) que já
eram importantes nas Novas Oportunidades, com a ‘qualificação, enquanto
aposta estratégica do país’. Todavia, claramente aponta outros caminhos,
embora estes pareçam não conduzir a algum lado relevante para a
educação de adultos”.
Após 1999, assistiu-se ao “relançamento” da educação de adultos. Desde então, as prioridades políticas orientaram-se para a recuperação escolar de largos sectores da população portuguesa (que não possuíam certificação escolar ou que não tinham concluído o que hoje se aceita como escolaridade obrigatória), para a qualificação profissional, bem como para a valorização e reconhecimento formal de certos saberes adquiridos por via da experiência. Depois de mais de uma década de prevalência do ensino recorrente do qual resultaram elevadas taxas de abandono e de insucesso escolar, emergia então a esperança de uma política de educação de adultos de cariz abrangente, humanista e crítica.(continuar a ler) |
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