Ruralidades

De alguma  forma, todos descendemos de rurais.
Na pré-história os homens, ou, mais corretamente, os  hominídeos, destacaram-se dos restante seres da criação, por uma capacidade mental superior, a qual lhes permitiu sobreviver num meio ambiente hostil, para o qual se encontravam menos aptos fisicamente.
A fim de terem maiores possibilidades de sobrevivência, viviam em grupos e aprenderam a fazer vestes para se cobrir, armas para caçar e defender-se dos predadores, ferramentas para executarem os mais diversos utensílios ou adornos.
 A pouco e pouco, foram-se tornando sedentários, construíram as primeiras casas, aprenderam a fazer e utilizar o fogo para se aquecer e cozinhar os alimentos e, não deixando de ser caçadores ou pescadores, começaram a cultivar as terras e a domesticar animais.
Ao longo dos séculos, a civilização humana tem-se mantido em continua evolução, mais lenta ou mais rápida, mas, por largo tempo, a agricultura, a caça e a pesca, conjuntamente com a guerra,  foram as principais atividades dos homens. 

Essa situação alterou-se, principalmente, a partir da Revolução Industrial. Deu-se um enorme êxodo, dos campos para as cidade, de homens e mulheres em busca de uma vida melhor. 
A agricultura foi, progressivamente, passando para um plano secundário e aqueles que desenvolviam atividades agrícolas, ou piscatórias, passaram, na maior parte dos casos, a ser olhados com algum desdém, pelos membros das outras classes sociais e profissionais, como se o seu trabalho fosse algo de menos digno ou importante para a sociedade. Os pequenos agricultores e os trabalhadores agrícolas encontram-se, desde há muito, conjuntamente com mais alguns profissionais, tais como os mineiros, na base da pirâmide social.
No último século, o afastamento progressivo, da grande parte das populações, da natureza e da agricultura, foi de tal forma grande que se perdeu a noção da importância e imprescindibilidade das mesmas. 
Ironicamente, costuma afirmar-se que as pessoas da cidade pensam que os pacotes de leite nascem nas prateleiras dos supermercados, mas, infelizmente, esta ironia contém mais verdade do que aquilo que seria razoável pensarmos.
Para muitos, o contacto mais próximo que têm com a natureza, não passa de uns passeios pelo jardim público, as férias na praia ou a visão rápida dos campos e dos animais, quando cruzam as estradas em alta velocidade.
Mas, indiscutivelmente, não nos é possível  sobreviver sem a Natureza, as Florestas, a Agricultura ....
A Agricultura é, e sempre foi, uma  atividade ingrata, pois não só depende das condições económicas e de desenvolvimento dos países, como da localização geográfica e das idiossincrasias do clima.
Se hoje já não se torna necessário deixar as terras em pousio, a utilização de adubos ou fertilizantes químicos, que o permite, ou de pesticidas, para combater os agentes bióticos que atacam os seus produtos, tonaram os produtos finais menos saudáveis para o consumo humano.
A evolução científica e tecnológica contribuiu para melhorar a qualidade de vida dos homens, através da utilização de equipamentos que  os substituem, em muitos dos seus trabalhos morosos ou difíceis, na conservação dos alimentos, no combate à doença, entre muitas outras coisas, mas, por outro lado, essa evolução reduziu o espaço de floresta, extinguiu ou pôs em perigo diversas espécies do mundo animal e produziu uma imensa poluição que deteriora a qualidade do ar, é origem de muitas e novas doenças, para além de acelerar o processo das alterações climatéricas e ser a principal causa da destruição de parte da camada de ozono.
Nos últimos anos, muitos grupos de ambientalistas se têm insurgido, feito manifestações e partilhado variada informação, tentando travar ou diminuir os estragos, causados por esta evolução, na Natureza.
Mas, não existem respostas, nem soluções, fáceis, pois que todas as alterações têm implicações e interligações com outros setores e  acarretam diversos problemas e/ou dificuldades, a nível económico,  social, do trabalho e até da saúde. 
Depois de, nos últimos anos, a União Europeia ter emanado diversas diretrizes, no sentido de inibir ou controlar a produção de várias espécies agrícolas, reduzindo significativamente a expressão da agricultura, em diferentes países, num setor que, já de si, sempre se debateu com inúmeras dificuldades. A, recentemente declarada, crise mundial provocou um desejo de regresso aos campos e à agricultura, como se esta, subitamente, se tivesse tornado a "galinha dos ovos de ouro". 
Será que o regresso à Agricultura é uma das respostas e formas de combater a crise?
Este é um espaço de análise e debate relativamente à Natureza, às Florestas, à Agricultura, à produção agropecuária, à defesa do ambiente e da biodiversidade, à proteção das espécies,....

Participe, exponha as suas opiniões, dê sugestões, partilhe problemas,.... não sejamos  meros espetadores, mas sim  membros ativos da sociedade em que vivemos.

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